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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Meus Escritos - Sobre Xícaras


Há alguns dias, recebi uma correspondência anônima
com um pedido para mim inusitado: publicar um texto anexado.
Respondi, indagando o motivo e por que em meu Blog.
Pedido reiterado, sem as respostas. Terça-feira, dia 12 de fevereiro,
meu celular toca e uma voz masculina, marcada por uma entonação
emocionada reiterou o pedido à mim, Carlos Miranda, o betomelodia,
para que eu publicasse o texto, pois é de grande importância
para sua filha. Reli o texto e resolvi publicar, aqui deixando claro
que não me foi enviado o autor do mesmo. Por precaução,
omiti os nomes reais dos personagens. Aí vai.

carlos miranda (betomelodia) 


A sensação se repetia todas as vezes que ela abria
o velho baú e revia o jogo de xícaras de plástico.
Ela nunca lembrava exatamente quando ganhara o brinquedo.
Mas tinha certeza: fora a mãe, levada pelo câncer
havia anos, quem lhe presenteara.
Os olhos daquela universitária ainda marejavam.
E o aperto no peito se repetia quando ouvia as amigas
falarem das brigas, das preocupações e das satisfações
que eram obrigadas a dar, sempre que iam chegar mais tarde,
sair com novos amigos. Coisas de toda mãe,
daquelas que só mudam de endereço. Ela sentia esse vazio.
Certa vez, numa das poucas crises de choro que teve,
disse para uma amiga querida:

" Só quem não tem mãe sabe e entende a falta que ela faz. "

Ela estava prestes a se formar em fisioterapia,
quando o pai chamou-a para conversar.
Aquele homem simples, mãos calejadas pelo trabalho,
muito tímido, com dificuldades de externar sentimentos e
fazer carinhos explícitos, nunca lhe deixou faltar nada.
Absolutamente nada. De vez em quando
falava algumas poucas palavras.
Daquelas definitivas, que um filho leva pra toda a vida.
Naquele momento, porém, estava visivelmente sem jeito.
Ela namorava já fazia mais de um ano.
O pai sabia o que se passava entre o casal.
Tentava negar, fazer de conta que não, mas no fundo
percebera que Carolina tinha se transformado
numa mulher. E que mulher.

- Filha, você está feliz?
- Eu estou pai. Por quê?
- Sei lá, queria conversar um pouco com você,
mas não sei exatamente o que dizer.
- Meu namorado fez alguma coisa que o senhor não gostou?
- Pra mim não. E pra você?
- Como assim?
- Ele te trata bem?
- Trata, claro.
- Ele respeita você?
- Pai, aonde o senhor quer chegar?
- Em você. Não sei o que te dizer, nem como fazer isso,
mas queria que você soubesse que eu estou do seu lado.
- Eu sempre soube disso.
- Essa seria uma conversa bem boa pra
você ter com sua mãe. Mas ela não está aqui.
Homem é muito malandro.
- Não precisa se preocupar.
- Você ama o seu namorado?
- Sim, acho que sim.
- E ele? Também te ama?
- Bem, eu acho que sim. Ele cuida de mim,
é atencioso, sempre gentil.
- Você se cuida?
- Pai?!
- Desculpe, não quero deixar você constrangida.
Mas não quero que nada de mal lhe aconteça.
- Eu sei, pai.
- A "homarada" gosta muito de festa,
de se aproveitar das meninas.
E não gostaria que fosse assim com você.

Ela abraça o pai ternamente por alguns longos minutos.
Os dois ficam em silêncio. Rostos colados,
ela percebeu a lágrima do pai escorrendo.
Em silêncio. Abraçou aquele homem ainda com
mais força. O pai não aguentou:

- Eu gostaria que você não deixasse ninguém te magoar.
- Eu sei, pai.
- Não aceite nunca que ele faça coisas que você não aprova.
Dê respeito. Não deixe que ele seja abusado.
- Está bem, pai.
- Eu morreria se ele fizesse algo de ruim pra você.
- Eu sei, pai, eu sei.
- Não se esqueça nunca disso.
- Está bem.
- Eu amo você minha filha. Muito.
- Eu também te amo pai,
e não sei o que seria da minha vida sem você.
Pode deixar que nunca ninguém vai se aproveitar de mim.
- Então está bem. Se precisar de ajuda,
você promete que pede?
- Sim, eu prometo.

Abraçaram-se de novo e ficaram assim
por mais um bom tempo.
Ela sentiu então que, realmente,
não lhe faltava nada.

autor desconhecido

fontes
imagem: arquivo pessoal - baseado em texto de autor desconhecido - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

5 comentários:

  1. bonito post mas, quem lhe mandou? não descobriu?
    talvez seja uma história verdadeira.

    beijos de ana luíza.

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  2. ótimo site, beto melodia.
    você e sua parceira artesã das palavras estão de parabéns.

    silvanna.

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  3. bonita página, beto melodia.
    um site interessante, agradável.

    narinha, cg/ms

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  4. bom, muito bom, excelente...

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