google-site-verification: google8d3ab5b91199ab17.html

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Oswaldo Montenegro, Se Puder Sem Medo



Vamos lá. Imagine tu entrando em um apartamento e atônito, te sentes como estar
dentro de uma  pintura abstrata, expressionista.  Cores e formas diversas
estão presentes em tudo que vês:  teto, paredes, chão, móveis, até nos
eletrodomésticos. O apartamento tem como proprietário o autor das
mais belas páginas da  Música Brasileira,  Oswaldo Montenegro.
Foram quase  seis anos de trabalho e querem saber porque?

“ Porque gosto do caos.  Porque isso significa o desquite da realidade, da qual
tenho pânico.  Porque a  vida fora da arte  fica insuportável.  E é minha única
chance de não ir para o hospício. ” (sic)


Foi degustando uma taça de vinho e fumando uma cigarrilha que ele mostrou o seu
curioso  apartamento  à uma  *revista semanal,  com cadeiras, mesa, violão,
cortinas, relógios, espelhos, tudo enfim,  banhados por tinta acrílica,
e com  naturalidade  falou " que não bate bem da cabeça ".

“ Na verdade, eu sou retardado mental. Esse veredicto foi dado por uma junta de
oito psicólogos. Sou considerado incapaz para algumas coisas e superdotado para
outras, mas não tenho a camada intermediária. Não conheço o aprendizado. Eu não
tenho vaidade por ser superdotado e nem complexo por ser retardado. ” (sic)


Como acima mencionei, uma dádiva,  pois graças a 'loucura' deste incrível homem,
o Universo Cultural Brasileiro agigantou-se na Música. Quando a entrevista
foi publicada em 23 de Dezembro de 2009,  Oswaldo Montenegro  já havia
gravado 38 CDs,  produzido 15 peças musicais e mais de 40 trilhas
sonoras para TV,  balé e como diretor e roteirista de cinema.
A composição escolhida para  ilustrar esta postagem tem
por título "Se Puder Sem Medo". Sei que apreciarão.


carlos miranda (betomelodia) 


Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim o meu verdadeiro abrigo

Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio

Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder sem medo

Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás a porta

Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa

Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande

Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência

Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila

Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha

Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava


oswaldo montenegro



fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal  / google

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Portinari, de Brodowski Para o Mundo

a última ceia, 1950


Filho dos   imigrantes  italianos   Giovan  Battista  Portinari  e  Domenica  Torquato,
originários de Chiampo (Vêneto), Candido Portinari nascido em 30 de dezembro
de 1903, numa fazenda de café nas proximidades de  Brodowski, interior de
São Paulo.  Aos 14 anos de idade,  uma trupe de  pintores  e escultores
italianos que atuavam na restauração de igrejas passa pela região de
de Brodowski, e recruta Portinari como ajudante.  Seria o primeiro
de vários  grandes indícios sobre o talento do pintor  brasileiro.

carlos miranda (betomelodia) 


candido portinari, 1903 / 1962
oil on canvas - 96 X 130 cm - art museum of sao paulo
sao paulo city - sao paulo state - brazil

fontes
imagem: arquivo pessoal - texto carlos miranda (betomelosdia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Roberta Sá, Samba de Um Minuto



O primeiro contato que tive sobre a obra de Roberta Sá foi em 2005. Um frequentador de uma casa
noturna onde eu atuava no palco, me presenteou com a cópia de um CD Demo lançado em
2004 por uma nova cantora.  Naquela madrugada fui para meu estúdio e ouvi o CD.
Não errei em minha primeira impressão:  nascia uma Sambista na MPB.

Ela, já foi destaque em várias páginas do Blog,  o que podem conferir ao
clicar em seu nome  ao final da publicação de hoje,  que nos traz a  composição de
Rodrigo Maranhão  "Samba de Um Minuto", vídeo que faz parte do show Delírio no Circo, o
segundo álbum ao vivo da Artista que foi gravado no  "Circo Voador"  em maio de 2016, lançado em
novembro do mesmo ano, com  participações  da dupla  Martinho da Vila e Moreno Veloso.
Sempre que escrevo ou comento "Circo Voador", noto que muitos o desconhecem.

Então vamos lá. O Circo Voador teve seu primeiro endereço na praia do  Arpoador, Ipanema, onde a
sua lona azul e branca  foi levantada pela primeira vez.  Um tradicional  espaço cultural  da cidade do
Rio de Janeiro, localizado no bairro da Lapa, inaugurado em Outubro de 1982. Mas (e como sempre
neste nosso amado Brasil sempre há um "mas"), a notória política brasileira  que  avessa à Cultura e
Educação,  sob ordens do então Prefeito   César Maia, revogou o alvará de funcionamento em 1996,
o que foi  mantido por seu sucessor até o ano de 2002. Foi o ano em que "Maria Juçá" resolveu agir.

Por meio de uma ação popular o Circo Voador teve seus direitos reconquistados judicialmente após
seis anos.  O espaço que havia sido demolido pela Prefeitura do Rio de Janeiro,  por determinação
judicial foi reconstruído por ela e devolvido em 2004  aos produtores e funcionários que lá estavam no
ano de 1996. Hoje administrada pela  "Associação Circo Voador" (organização não governamental),
com recursos próprios de forma independente. Quando há união,  objetivos sempre são alcançados.
Agora, assistam ao vídeo, tá?

carlos miranda (betomelodia) 


  
Devagar esquece o tempo lá de fora
Devagar esqueça a rima que for cara.

Escute o que vou lhe dizer um minuto de sua atenção
Com minha dor não se brinca já disse que não
Com minha dor não se brinca já disse que não devagar

Devagar com o andor teu santo e a fonte secou
Já não tens tantas verdades pra dizer nem tampouco mais maldades pra fazer
E se a dor é de saudade  e a saudade é de matar
Em meu peito a novidade vai enfim me libertar

rodrigo maranhão



fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

quinta-feira, 27 de junho de 2019

A Arte no Mundo - Roberto Magalhães e Suas Obras - Brasil

animal, 1982


" As máscaras rituais, as figuras totêmicas das tribos primitivas são expressões da insegurança
 do homem em face de um universo que ele não domina. A insegurança é de cada um mas,
assimilada à  mitologia  e às práticas mágicas da comunidade, ela se objetiva, como a
expressão cultural que não leva ninguém ao hospício, instituição, aliás, inexistente,
 por desnecessária, em tal tipo de comunidade. "
ferreira gullar

( para ver a publicação original, clique aqui )

carlos miranda (betomelodia) 


roberto magalhães, 1940 / active
oil on canvas - dimensions: 41cm X 33cm - private collection
governor island - rio de janeiro state - brazil

fontes
imagem: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

sábado, 22 de junho de 2019

Fernanda Takai, Estrada do Sol



A postagem de hoje é sobre uma voz meiga, suave e afinada que muito me encanta. A dona dessa voz,
é Fernanda Takai, mais uma vez presente aqui no Blog com a composição  de meu Mestre Tom Jobim
em parceria com Dolores Duran, "Estrada do Sol", acompanhada por um trio da pesada:  João Cortez
na bateria,  Adriano Giffoni no baixo e Adriano Souza  no piano, vibrafone e órgão. No clipe, aparecem
é claro, o meu amigo Menescal na guitarra e o Valle em seu Rhodes, na gravação de "O Tom da Takai"
e lógico, a encantadora  Fernanda.  Creio que assim como eu,  os amantes da  boa Música  apreciarão.


Memórias. É o que este clipe, com Fernanda Takai, Marcos Valle e Roberto Menescal me traz. Em uma
publicação na qual Fernanda e banda foi destacada, ela interpreta a mesma composição de Tom e
Dolores Duran em um arranjo bem ao seu estilo e a canção é a mesma que hoje está em destaque.
Levou-me de volta ao início de minha vida adulta, meu Rio de Janeiro que jamais esqueço, ao
convívio com hoje ícones de nossa  cultura musical,  e aos muitos planos para o meu futuro.

Emoções. Décadas se passaram  mas hoje ao cerrar meu olhar,  ouvindo, lembrando
 toda a
a energia que do palco emanava retornando a mim como uma dádiva,  é impossível conter o
calor de pequenos riachos que de meus olhos passeiam por muitos sulcos de minha face. Lágrimas
que nascem de felizes recordações, lágrimas que  também me levavam ao choro intenso por ter o
curso da vida enfraquecido minha voz, antes forte, rica, agora suaves notas, me lembrando antigos palcos.

Tristezas. São pequenas  mas,  não deixam de terem sido presentes
. Uma, que me acompanhou  em
minha carreira na Música como intérprete, foi a falta de amor à Arte de Cantar, substituída por "amor"
aos ganhos financeiros sem o devido merecimento por pseudo-músicos. Colegas que traíam os
parceiros por  migalhas  a mais em seus ganhos, traíam em busca de novo palco, traíam seus
colegas de palco ao se  apresentarem  tendo ingerido  álcool.  Traíam o cantor ao errarem.

Alegrias. Uau, me são muito caras, me mantendo aos setenta e cinco anos de idade, dono
de minhas faculdades em afirmar que tive um viver pleno de alegrias mas, deixando de lado o
viver em família que só decepções me trouxe. Faria tudo novamente. Repetiria meus passos, que
me levaram ao que hoje sou, um ser grato à  Vida,  um ser amante da pura beleza que é o lugar em
que resido atualmente, orgulhoso de meus atos, orgulhoso por ter sido apenas um  "Cantador do Amor".


( assistam a interpretação desta mesma composição, em março de 2015
por Fernanda Takai, clicando no nome da Artista no final da publicação )
 
carlos miranda (betomelodia) 


É de manhã vem o sol mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar ainda estão a dançar
Ao vento alegre que me traz esta canção

Quero que você me dê a mão vamos sair por aí
Sem pensar no que foi que sonhei que chorei que sofri
Pois a nossa manhã já me fez esquecer
Me dê a mão vamos sair pra ver o sol

antonio carlos jobim / dolores duran


fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal  / google

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Meus Escritos - Solidão

betomelodia.blogspot.com


" A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta,
que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como
uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a
angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras
fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu
duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre. "

vinícius de moraes


..." A tarde. Quente e vazia. Ao fundo, quebrando o silêncio, o ruído do trânsito
em uma avenida próxima. Em seus devaneios o tempo passa rápido e a
sensação de fome volta. É hora de lanchar. Enfim, algo para fazer. "..
.

carlos miranda (betomelodia) 




A mesa. Tampo de mármore branco, com manchas cinza-esverdeadas e as seis
cadeiras à sua volta. O ritual de sempre. A toalha de mesa, base de centenas de
refeições solitárias é estendida, desbotada, limpa, aguardando com passiva
serenidade sobre o frio mármore. Ele não mais gosta de jantares. Trazem
lembranças do passado em família.

Os utensílios. Peças simples, velhas conhecidas. A xícara de chá e o pires de
vidro azul. A colher de chá, as facas e o fatiador de queijo, todos com os já
encardidos cabos plásticos. Descanso de bambu para o bule, para que o calor
não estrague ainda mais a velha toalha.

O fogão. Antigo, mas eficiente em suas funções de ferver a água, cozinhar, fritar,
assar, cozer e também queimar velhos guardanapos e cansadas mãos.
Sobre uma das bocas um também velho e amassado bule de alumínio que,
tal como ele perdeu seus cabelos, perdeu sua tampa. Observando a água no
ponto de fervura, desliga o gás levando o bule à mesa.

O lanche. Pão francês, margarina e um pedaço de muçarela a ser fatiado. Ao
centro da toalha dois vidros: o maior com o açúcar e o menor com o café solúvel.
Começou a usar o café solúvel após derrubar por algumas vezes o porta filtros.
A pele, com a idade fica muito fina, sensível, dolorida

A solidão. Sentado à cabeceira, prepara seu café e começa a comer, calma e
pensativamente. Olha à sua direita e vê as cadeiras vazias, tristes e solitárias.
À sua esquerda, as também solitárias, tristes e vazias cadeiras.  Ao olhar à
sua frente, para a sexta cadeira, vê como se em um espelho fosse, sua vida
passar lentamente, revelando os caminhos, desvios, atalhos e os sonhos que ao
não se concretizarem, condenaram-no à solidão.

A lágrima. Solitária, triste e fria, brota em seu olhar.
Mas ele é forte. Ele não a verte, silenciando-a em sua solidão.

carlos miranda (betomelodia) 



fontes
imagem: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base da pesquisa: arquivo pessoal - meus escritos

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Fernanda Takai, Liz



Fernanda Takai. O que eu, como músico poderia falar sobre ela? Creio que nada acrescentaria, pois
ela já foi destaque aqui em nosso  Blog por diversas vezes desde o ano de 2015 mas, talvez eu
seja redundante no que vou escrever sobre ela  mais uma vez. Doçura em pessoa, voz que
nos leva a sonhar em suas interpretações,  voz afinada, marcante e que nos conduz ao
tema da canção com suave maestria.  Sim, sou fã incondicional dela e provo o que
sobre ela escrevi acima, com o vídeo que ilustra esta publicação. Confiram ok?

carlos miranda (betomelodia) 




Estou só na minha espera
E o pensamento em gesto lento
Doce imagem de um grande amor

Oh Liz oh Liz distante a espera d'um instante chegar
Fim de uma ausência sentida em seu regressar

Oh Liz tudo aqui parado e mudo espera em silêncio
Que você retorne ao seu lugar

Oh Liz oh Liz O tempo parou no momento do adeus
Só eu me arrasto nos sonhos meus oh Liz

Oh Liz oh Liz sem ter você aqui
Nada ficou nada restou de mim oh Liz

Oh Liz oh Liz onde você está
Ouça o meu canto e se apresse em voltar

Oh Liz oh Liz oh Liz

robson / césar de merces



fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google