Iniciando 2009, falaremos sobre um
grande personagem da Música e da Arte
do nosso imenso Brasil, um artista que com
sua individualidade e uma criatividade ímpar,
nos leva ao seu mundo de composições e
interpretações que, fugindo das visões e dos
conceitos estereotipados, surpreende e encanta
a todos os que o conhecem.
Zé de Riba é acima de tudo um cara sério.
Conselheiro, quando é árido ou quando
é só um embolador de tudo, a abordagem do Nordeste
desse Zé é profundamente respeitosa e honesta.
Até quando ri de si mesmo, ele é assim.
E o show é forte, miscigenado, cheio de pontes
com o mundo. Ao lado de uma banda muito competente,
o maranhense migra por linguagens afinal de contas
parecidas sem deixar de ser ele mesmo,
acima de tudo coerente. Um trabalho de muita força.
Nos embalos desse trem cortador de unha tem
bala bombom pirulito tem até Sonrisal
Oito pilha hum real oito pilha hum real
guaraná cadeado relógio inglês
bilhete pra todo lado tem fiscal tomando tudo
e tem fiscal tomando tudo
E de repente um tumulto corre corre recomeça
gente perde a sacola no trilho o trem apita
vai pará é a polícia vai pará é a polícia
é porrada de respeito contra aquele cidadão
do jeito do jeito jeito que foi essa nação
pra você vê então todo dia na estação sujeito
bem disposto alho e tomate tesourinha de mão
nhaum... quando chegar o fiscal
nhaum... quando chegar o fiscal
olha aqui meu irmão tem que pagar na real
olha aqui meu irmão tem que pagar na real
E nesse vendaval aparece um pastor com as
bíblia na mão querendo me convencer... irmão
todo mundo vai morrer irmão todo mundo vai morrer
por causa do cigarro valei-me meu Pai Eterno
é o juízo final olha a pilha! Oito pilha hum real
olha a pilha! Oito pilha hum real vendido
Telefone e automóvel não tem Modess práamenina
tênis camisinha e a tal penicilina absorventes
higiênicos satélite computador Melhoral infantil
avião elevador cotonete de elefante viagem para a lua
roleta de corrida tem dó de mulher nua garrafa
de coca-cola geladeira cd cinto guitarra elétrica e o
carrinho de bebê é o Brasil está legal faz de conta
adicional fantasia real tem câmera digital
olha a pilha! Oito pilha hum real
olha a pilha! Oito pilha hum real tá na bolsa
Barriga bola de gude tem calcinha de fitinha
a bunda brasileira aqui tem de tudo e não precisa
ir à feira tem o rolo do rolo do rolo rolo ralá
enquanto lá em Brasília tão vendendo o País
atola acorda a vida por um triz quando o jogo do jogo
do jogo e quem entra no jogo inda não foi condenado
olha a pilha! Oito pilha hum real
olha a pilha! Oito pilha hum real
"Óquei" pessoal "óquei" pessoal
desculpem incomodá a viagem de vocês meu pai tá
no xadres minha mãe no hospital minha mana é
uma tarada ela não tá legal "porisso" te peço agora
aceito passe ou um Real aceito passe ou um Real
aceito passe aceito passe aceito passe aceito passe
zé de riba
bala bombom pirulito tem até Sonrisal
Oito pilha hum real oito pilha hum real
guaraná cadeado relógio inglês
bilhete pra todo lado tem fiscal tomando tudo
e tem fiscal tomando tudo
E de repente um tumulto corre corre recomeça
gente perde a sacola no trilho o trem apita
vai pará é a polícia vai pará é a polícia
é porrada de respeito contra aquele cidadão
do jeito do jeito jeito que foi essa nação
pra você vê então todo dia na estação sujeito
bem disposto alho e tomate tesourinha de mão
nhaum... quando chegar o fiscal
nhaum... quando chegar o fiscal
olha aqui meu irmão tem que pagar na real
olha aqui meu irmão tem que pagar na real
E nesse vendaval aparece um pastor com as
bíblia na mão querendo me convencer... irmão
todo mundo vai morrer irmão todo mundo vai morrer
por causa do cigarro valei-me meu Pai Eterno
é o juízo final olha a pilha! Oito pilha hum real
olha a pilha! Oito pilha hum real vendido
Telefone e automóvel não tem Modess práamenina
tênis camisinha e a tal penicilina absorventes
higiênicos satélite computador Melhoral infantil
avião elevador cotonete de elefante viagem para a lua
roleta de corrida tem dó de mulher nua garrafa
de coca-cola geladeira cd cinto guitarra elétrica e o
carrinho de bebê é o Brasil está legal faz de conta
adicional fantasia real tem câmera digital
olha a pilha! Oito pilha hum real
olha a pilha! Oito pilha hum real tá na bolsa
Barriga bola de gude tem calcinha de fitinha
a bunda brasileira aqui tem de tudo e não precisa
ir à feira tem o rolo do rolo do rolo rolo ralá
enquanto lá em Brasília tão vendendo o País
atola acorda a vida por um triz quando o jogo do jogo
do jogo e quem entra no jogo inda não foi condenado
olha a pilha! Oito pilha hum real
olha a pilha! Oito pilha hum real
"Óquei" pessoal "óquei" pessoal
desculpem incomodá a viagem de vocês meu pai tá
no xadres minha mãe no hospital minha mana é
uma tarada ela não tá legal "porisso" te peço agora
aceito passe ou um Real aceito passe ou um Real
aceito passe aceito passe aceito passe aceito passe
zé de riba
O mais legal é que se fosse para rotular,
não daria para encaixá-lo no mesmo "world music"
não daria para encaixá-lo no mesmo "world music"
de Lenine, por exemplo, a quem não deixa de lembrar.
Mas o que o pernambucano tem de "world",
esse maranhense tem de si próprio. O mesmo dá
para dizer de outra referência de Zé, André Abujamra,
esse citado nominalmente durante a interpretação
de Alma Não Tem Cor, do Karnak.
Explicando: se Lenine e Abujamra, cada um por
um caminho, exploram gêneros olhando para fora,
o maranhense tem as mesmas curiosidades com um
olhar para dentro. Cada gesto teatral, cada
estrutura de arranjo com a entrada da flauta transversa
ou o solo de guitarra, remete a anos do que se vive
repetidamente nos sertões, misturando cordel,
Armorial, Canudos, teatro mambembe,
trovas, alucinações, mitologias readaptadas,
tropicalismo e fome. E é isso que Zé apresenta
no picadeiro ao respeitável público.
Sem leões banguelas, macacos tabagistas
ou elefantes esquálidos.
A referência Karnak aparece de novo,
por acaso (para quem acredita) no título de uma Juvenal
que não é aquela, e mais explicitamente no maestro
da banda, Mano Bap, o baixista da banda de Abujamra.
Daí vir o humor e o conhecimento de causa ao passar por
tudo o que passa a banda, de três percussionistas,
um sopro, baixo e guitarra.
Aliás, um dos percussionistas se destaca pelo uso
de uma bateria eletrônica Roland HPD-15,
de dezesseis pads programáveis,
com um som de "surdo-mitidão" cheio de peso
e harmônicos que pouca gente
percebe de cara não ser o surdo mesmo.
bernando mortimer
Sem amor sem ninguém
Sem nenhum sem cem
Sem nenhum sem cem
sem bondade sem maldade
sem saudade sem alguém
Sem agora sem passado
Sem futuro sem presente
Sem memoria
Sou www.sem
Sou www.sem
Sem sim sem não
Sem baião nem de dois
Sem tom sem som
Sem batom sem cachaça
Sem graça sem dó
sem pó sem pirraça
Sem feijão sem arroz
Sem teto sem chão
E o w do w do w ponto plugado
E nesse jogo inventado
Eu fico sem ponto sem
Sem amor sem ninguém
Sem Rimbaud sem cem
Sem queijo sem rato
Sem beijo sem Lacan
Sem Freud sem manhã
Sem sina sem menino sem menina
Sem karma sem cama sem drama
Sem gasolina sem comedia
Sem a mídia sem a media
Sou ponto sem sem cem
Sem sol sem Uol
Sem anzol sem mar sem lar
E o w do w do w ponto plugado
E nesse jogo inventado
Eu fico sem ponto sem
Sem verbo sem adverbio
Sou transitivo direto
E nesse verbo de amor e de paixão
Tão só tão tão tão só tão tão tão só tão tão
Tão só tão tão tão só
zé de riba e romildo soares
O engraçado é perceber que justamente no ponto
mais fraco da apresentação, Reprocesso,
tocada em duas versões, e nome do disco de Zé de Riba,
é que o artista aposta. Em uma letra com algo entre
B. Negão e Gabriel o Pensador, o artista abre mão de todo
um peso de excelência que carrega nas costas
para tentar ser palatável e falar uma língua que não
se encosta na dele. Entre tantas línguas tão ao alcance
e tão bem incorporadas, a que foi escolhida para representar
o artista é o tiro na culatra. Que ninguém se deixe levar por ela.
mais fraco da apresentação, Reprocesso,
tocada em duas versões, e nome do disco de Zé de Riba,
é que o artista aposta. Em uma letra com algo entre
B. Negão e Gabriel o Pensador, o artista abre mão de todo
um peso de excelência que carrega nas costas
para tentar ser palatável e falar uma língua que não
se encosta na dele. Entre tantas línguas tão ao alcance
e tão bem incorporadas, a que foi escolhida para representar
o artista é o tiro na culatra. Que ninguém se deixe levar por ela.