" A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta,
que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como
uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a
angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras
fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu
duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre. "
vinícius de moraes
que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como
uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a
angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras
fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu
duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre. "
vinícius de moraes
..." A tarde. Quente e vazia. Ao fundo, quebrando o silêncio, o ruído do trânsito
em uma avenida próxima. Em seus devaneios o tempo passa rápido e a
sensação de fome volta. É hora de lanchar. Enfim, algo para fazer. "...
em uma avenida próxima. Em seus devaneios o tempo passa rápido e a
sensação de fome volta. É hora de lanchar. Enfim, algo para fazer. "...
carlos miranda (betomelodia) ™
A mesa. Tampo de mármore branco, com manchas cinza-esverdeadas e as seis
cadeiras à sua volta. O ritual de sempre. A toalha de mesa, base de centenas de
refeições solitárias é estendida, desbotada, limpa, aguardando com passiva
serenidade sobre o frio mármore. Ele não mais gosta de jantares. Trazem
lembranças do passado em família.
Os utensílios. Peças simples, velhas conhecidas. A xícara de chá e o pires de
vidro azul. A colher de chá, as facas e o fatiador de queijo, todos com os já
encardidos cabos plásticos. Descanso de bambu para o bule, para que o calor
não estrague ainda mais a velha toalha.
O fogão. Antigo, mas eficiente em suas funções de ferver a água, cozinhar, fritar,
assar, cozer e também queimar velhos guardanapos e cansadas mãos.
Sobre uma das bocas um também velho e amassado bule de alumínio que,
tal como ele perdeu seus cabelos, perdeu sua tampa. Observando a água no
ponto de fervura, desliga o gás levando o bule à mesa.
O lanche. Pão francês, margarina e um pedaço de muçarela a ser fatiado. Ao
centro da toalha dois vidros: o maior com o açúcar e o menor com o café solúvel.
Começou a usar o café solúvel após derrubar por algumas vezes o porta filtros.
A pele, com a idade fica muito fina, sensível, dolorida
A solidão. Sentado à cabeceira, prepara seu café e começa a comer, calma e
pensativamente. Olha à sua direita e vê as cadeiras vazias, tristes e solitárias.
À sua esquerda, as também solitárias, tristes e vazias cadeiras. Ao olhar à
sua frente, para a sexta cadeira, vê como se em um espelho fosse, sua vida
passar lentamente, revelando os caminhos, desvios, atalhos e os sonhos que ao
não se concretizarem, condenaram-no à solidão.
A lágrima. Solitária, triste e fria, brota em seu olhar.
Mas ele é forte. Ele não a verte, silenciando-a em sua solidão.
refeições solitárias é estendida, desbotada, limpa, aguardando com passiva
serenidade sobre o frio mármore. Ele não mais gosta de jantares. Trazem
lembranças do passado em família.
Os utensílios. Peças simples, velhas conhecidas. A xícara de chá e o pires de
vidro azul. A colher de chá, as facas e o fatiador de queijo, todos com os já
encardidos cabos plásticos. Descanso de bambu para o bule, para que o calor
não estrague ainda mais a velha toalha.
O fogão. Antigo, mas eficiente em suas funções de ferver a água, cozinhar, fritar,
assar, cozer e também queimar velhos guardanapos e cansadas mãos.
Sobre uma das bocas um também velho e amassado bule de alumínio que,
tal como ele perdeu seus cabelos, perdeu sua tampa. Observando a água no
ponto de fervura, desliga o gás levando o bule à mesa.
O lanche. Pão francês, margarina e um pedaço de muçarela a ser fatiado. Ao
centro da toalha dois vidros: o maior com o açúcar e o menor com o café solúvel.
Começou a usar o café solúvel após derrubar por algumas vezes o porta filtros.
A pele, com a idade fica muito fina, sensível, dolorida
A solidão. Sentado à cabeceira, prepara seu café e começa a comer, calma e
pensativamente. Olha à sua direita e vê as cadeiras vazias, tristes e solitárias.
À sua esquerda, as também solitárias, tristes e vazias cadeiras. Ao olhar à
sua frente, para a sexta cadeira, vê como se em um espelho fosse, sua vida
passar lentamente, revelando os caminhos, desvios, atalhos e os sonhos que ao
não se concretizarem, condenaram-no à solidão.
A lágrima. Solitária, triste e fria, brota em seu olhar.
Mas ele é forte. Ele não a verte, silenciando-a em sua solidão.
carlos miranda (betomelodia) ™
fontes
imagem: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base da pesquisa: arquivo pessoal - meus escritos